A Revista Pontos de Vista conversou com Cristina Sousa Conduto, Administradora da Lock Corporate Spaces, uma marca especialista em Design e Construção de espaços interiores, onde ficamos a conhecer um pouco mais do percurso da nossa entrevistada e da sua paixão pela arquitetura.

É administradora da Lock Corporate Spaces, uma empresa especialista em Design e Construção de espaços interiores. Como surgiu este projeto na sua vida?

Comecei desde muito cedo a trabalhar, fiz inicialmente projeto, mas cedo descobri que o que gostava mesmo era da obra, de ver acontecer. Fui aprendendo, e tive a imensa sorte de trabalhar em empresas que me permitiram crescer profissionalmente, mas, trabalhando por conta de outrem, os procedimentos e as formas de trabalhar, por muito que aportemos o nosso estar e conhecimento, são sempre formas impostas que, quer concordemos ou não, temos que cumprir. O projeto LOCK permitiu-me liberdade de atuação, sair da rotina e conseguir trabalhar em algo que gostava.
Procurei um novo projeto que me desse liberdade na definição de objetivos, na decisão de quando e como trabalhar, na definição de estratégias e na escolha de equipas. Procurei fazer aquilo que sempre gostei de fazer, sem monotonia. Fazer o que me dá prazer. É desafiante e exigente, mas o esforço é claramente recompensado. Mas como é impossível criar um negócio e ter sucesso sozinho, foi extremamente importante criar uma equipa com pessoas talentosas, com competências que eu não possuía. O projeto Lock surgiu naturalmente, somos três sócios que já trabalhávamos juntos numa empresa com o mesmo core business, mas com a qual não partilhávamos exatamente os mesmos valores.

Que motivos a levaram a escolher arquitetura?

Acho que já era arquiteta antes de saber… de miúda adorava construir cidades e casas em Lego. Acho que era a única altura em que gostava de brincar com bonecas! Não tinha especialmente muito jeito para o desenho, mas adorava imaginar espaços e analisar a forma como se interligavam e funcionavam.
Na arquitetura, adoro o mundo multidisciplinar que tem de se gerir. É como um puzzle que tem de se montar, não descurando nenhuma das suas peças. O exercício de Arquitetura é difícil, mas também bastante divertido e empolgante por causa do dinamismo da sua experiência.
Como todas as profissões, a arquitetura é uma forma de saber. Ser arquiteto é partilhar uma certa forma de ver o mundo, capaz de tirar partido do espaço, das tecnologias construtivas, dos instrumentos de representação e de outros aspetos do conhecimento disciplinar, contribuindo para uma sociedade mais culta e qualificada.

O que mais a apaixona no seu trabalho?

O que mais me apaixona é a contínua aprendizagem, o conhecimento do mundo que nos rodeia, a transformação do impossível. O desconforto da saída da nossa zona de conforto, que nos faz aplicar teorias e conhecimentos de outras áreas. Considero que todos esses conhecimentos são muito bem-vindos dentro da arquitetura, e essas outras fontes de conhecimento podem ser tão variadas como relações sociais, geografia, filosofia e economia. Adoro a relação entre o espaço, a gestão das expectativas do cliente, os condicionamentos espaciais e técnicos. A análise das partes para construir um todo!

Onde encontra inspiração para realizar os seus trabalhos?

No mundo que me rodeia… nos detalhes, na tecnologia, nos novos materiais, na racionalização do estar, na procura do sentido estético do necessário.

Na sua opinião, as arquitetas têm uma visão muito diferenciada dos arquitetos?

Não considero existir uma arquitetura masculina e/ou uma arquitetura feminina, ou sequer que existam especificidades em arquiteturas feitas por mulheres e em arquiteturas feitas por homens. O exercício da arquitetura resulta num conjunto de vivências e experiências, que têm origem na pessoa que os vive, sendo os indivíduos todos diferentes será natural que as respetivas arquiteturas tenham determinadas identidades e caraterísticas, independentemente do género.

Comecei a trabalhar no segundo ano de arquitetura na FAUTL. Trabalhava no gabinete de projeto de um professor da faculdade que era maníaco com o rigor da representação do espaço e na organização do mesmo. Aprendi imenso. Nunca senti, neste período qualquer tipo de segregação de género… ganhava o mesmo que os meus colegas e tinha as mesmas obrigações que eles!

Depois de acabar a faculdade, comecei a trabalhar num gabinete de projeto de uma multinacional que fazia essencialmente Shopping Centers! E aí, entrei diretamente para o mundo da obra. Não tive tempo de teorizar muito o conceito de arquitetura, era tudo muito racional e rápido, deparei-me com tudo aquilo que não nos tinham ensinado na faculdade. Historicamente, o mundo da obra foi aprendido como sendo duro e fisicamente exigente, dando origem a todo um imaginário sobre os papéis adequados à profissão, papéis esses associados ao género masculino. Contudo, considero que tive muita sorte, nunca senti qualquer tipo de discriminação e sempre tive o respeito de todos com quem trabalhava! Acho mesmo que ser mulher ajudou-me imenso num mundo maioritariamente masculino, conseguia melhores resultados que os meus colegas homens.

Um conselho a quem gostaria de construir carreira em arquitetura.

Que o façam com paixão, que sejam (muito) persistentes e que acreditem que como arquitetos temos uma grande arma, apercebemo-nos do todo.
Que como arquitetos empreendedores precisamos de tomar a dianteira, propor projetos, explicar porque é que eles fazem sentido e ir em busca das soluções necessárias e das competências para os realizar. Que precisamos muitas vezes de descer um pouco à terra, deixar a bolha, observar, falar e, sobretudo, ouvir. Só assim conseguimos juntar uma série de ferramentas, uma série de competências que podemos usar e interligar para agir.

Faça o download do artigo – Revista Pontos de Vista, 16 de março de 2019

 

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